O Branding retoma diversos conceitos essenciais para a sua concepção e atuação, nos levando a refletir sobre produtos, cultura, design, diferenciação, comunicação, consumidor, dentre outros fatores, o mercado.
A medida que estudamos, lemos, interagimos nas redes sociais, vamos ao supermercado e nos assustamos com os preços dos produtos, e nos posicionamos a respeito de uma ação ou um produto, estamos dentro de uma espécie de processo de consumo, no qual há uma necessidade ou desejo (temas valiosos para uma discussão), em seguida a busca de informações sobre como sanar tal necessidade/desejo, a avaliação das alternativas, a tomada de decisão de compra e um pós-compra. Diversos estudiosos discutem cada etapa deste processo em detalhes e ainda acrescentam outras tantas, um grande exemplo é Philip Kotler.
Em cada etapa ainda há outros fatores que influenciam a decisão de compra e permitem entender o comportamento do consumidor. Kotler e Keller afirmam: “O comportamento de compra do consumidor é influenciado por fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Os fatores culturais exercem a maior e a mais profunda influência” (2006, p. 172). O fator cultural está relacionado diretamente com valores, percepções e referências familiares e outras instituições, contribuindo para a constituição do individuo e depois consumidor.
A medida que o mercado e a economia se movimentam, o consumidor também muda, sendo agente ativo ou passivo desta movimentação gerando oferta e demanda.
O que se percebeu nestes últimos anos, é que o consumidor esteve exposto a diversas oportunidades no mercado, apesar das crises em alguns mercados mundiais, o brasileiro mudou na sua maneira e possibilidade compra. O aumento da classe C é exemplo disso, que permitiu o deslocamento de tantos outros consumidores para outras classes sociais e isso pode ser justificado por diversos fatores, sendo alguns deles a possibilidade de crédito e financiamento, baixa de desemprego e programas governamentais.
Em pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, o consumo no Brasil em 2013 cresceu 10,2%, em relação ao ano de 2012, o que corresponde a 34% do PIB.
GASTOS POR CLASSE SOCIAL em R$ bilhões, por segmento 2013 SETOR |
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Automóveis |
Alimentação no Lar |
Alimentação fora do Lar |
Material de Construção |
Vestuário |
|
A |
59,71 | 11,55 | 16,40 | 19,94 | 13,73 |
B |
138,94 | 76,75 | 51,34 | 47,49 | 46,47 |
C |
57,17 | 103,80 | 41,29 | 37,63 | 41,98 |
D |
5,48 | 25,19 | 7,15 | 4,41 | 7,15 |
TOTAL |
261,30 | 221,29 | 116,18 | 109,47 | 109,33 |
Fonte: Ibope Inteligência (via Propmark de 09 de setembro de 2013)
O que chama a atenção é que este crescimento também impulsiona as ações de anunciantes, tomando como exemplo o quadro apresentado, os gastos com automóveis devem ser maiores em 2013, concentrados na classe B. Grande oportunidade para agências e para fabricantes de veículos, serviços de manutenção e seguros, acessórios, dentro outros.
Entre os 10 maiores anunciantes do 1º trimestre de 2013, temos 2 grandes indústrias automobilísticas.
Ran 2012 | Ran 2013 | TOP 30 ANUNCIANTES | Jan a Jun/2013 | Jan a Jun/2012 |
R$ | R$ | |||
2 | 1 | UNILEVER BRASIL | 2.242.541.890 | 1.463.915.000 |
1 | 2 | CASAS BAHIA | 1.593.341.010 | 1.684.650.000 |
# | 3 | GENOMMA | 1.269.904.050 | 214.965.130 |
4 | 4 | AMBEV | 961.602.210 | 793.287.000 |
3 | 5 | CAIXA (GFC) | 710.817.490 | 796.527.000 |
9 | 6 | VOLKSWAGEN | 662.698.110 | 477.166.000 |
12 | 7 | FIAT | 587.781.020 | 416.671.000 |
13 | 8 | PETROBRAS (GFC) | 575.169.720 | 416.146.000 |
5 | 9 | SKY BRASIL | 548.852.520 | 777.950.000 |
17 | 10 | HYPERMARCAS | 496.422.420 | 404.121.000 |
Fonte: Ibope (publicado em 24/07/2013)
E os anúncios, as ações de comunicação e investimentos em mídia também devem acompanhar as mudanças no mercado, no que tange a legislação, os canais e principalmente o comportamento do consumidor.
A comunicação nos canais digitais não é tendência, é realidade, é crescente, mas não dominante. No quadro acima, desenvolvido pelo Projeto Inter-Meios coordenado pelo Meio&Mensagem, mostra bem como está dividido os investimentos em mídia, e a TV continua forte, mas também é tendência uma integração entre internet e TV, onde o anunciante poderá saber o que o telespectador está assistindo e criar ação em tempo real.
Investimento bruto por meio |
||||
Valores Acumulados (jan-abr.) |
Variação |
% de |
||
2012 |
2013 |
(%) |
Participação |
|
Guias e Listas |
78.335.994,82 |
62.591.447,08 |
-20,10 |
0,69 |
Internet |
456.299.705,50 |
396.635.825,56 |
-13,08 |
4,40 |
Jornal |
1.078.789.633,35 |
1.029.649.924,54 |
-4,56 |
11,43 |
Mídia Exterior |
280.202.724,81 |
308.195.800,57 |
9,99 |
3,42 |
Rádio |
357.043.172,23 |
374.854.224,31 |
4,99 |
4,16 |
Revista |
518.000.713,12 |
451.913.690,36 |
-12,76 |
5,02 |
Televisão |
5.821.119.757,35 |
6.024.849.363,27 |
3,50 |
66,87 |
TV por Assinatura |
341.192.778,71 |
336.668.489,27 |
-1,33 |
3,74 |
Cinema |
27.449.699,93 |
24.320.996,39 |
-11,40 |
0,27 |
TOTAL |
8.958.434.179,82 |
9.009.679.779,17 |
0,57 |
100,00 |
Fonte: Meio&Mensagem (20 de junho de 2013)
Todos estão se adaptando!
A realidade do consumo, o comportamento deste consumidor mudou e muda constantemente. A oferta de informação e a troca delas são muito intensas. E o branding deve ser ferramenta estratégica neste contexto.
O que é mais valioso: uma grande quantidade de visitação ou o tempo que uma única pessoa ficou em seu site? O que pode gerar compra efetiva? Onde sua marca e seu produto estarão mais expostos? Questões que desafiam todo o profissional de Marketing.
Penso que o Marketing não mudou, mas a maneira como seus conceitos, plataformas e maneiras de aplicação sim. Quem está atento a estes movimentos? Como inovar de maneira rápida, dinâmica e constante? Diversos caminhos se apresentam, mas acredito, que primeiro passo é ouvir, observar e perguntar ao consumidor. Sem dúvida que isso está apoiado a diversas ferramentas de pesquisa, de tecnologia e intuitivas, mas o consumidor não pode ser ignorado, pois ele também percebe este posicionamento das empresas e das marcas, o que não contribui em nada em um resultado positivo para a organização.
Referências:
KOTLER, Philip. KELLER, Kevin Lane Administração de marketing. Tradução: Monica Rosenberg, Brasil Ramos Fernandes, Cláudia Freire; revisão técnica Dilson Gabriel dos Santos. 12ª Ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2006.
Ibope:
Meio&Mensagem:
Propmark: