Branding, conceito que pode ser definido como a arte de construir e gerenciar marcas. Torná-las reconhecidas e relevantes para os seus públicos. Fazê-las presentes no mercado e seu imaginário. Elevá-las ao nível das relações emocionais e constituição de verdadeiras culturas.
Abrangente e de cunho estratégico o branding pode ser definido como a prática de “dotar produtos e serviços com o poder de uma marca” (Kotler e Keller, 2006, p.269) com o objetivo de identificá-los, diferenciá-los, posicioná-los e estabelecer vínculos com o seu público.
Essa definição faz necessária a reflexão sobre o termo “produtos”, que de acordo com Kotler e Keller (2006, p.366) abrange tudo aquilo que pode ser oferecido a um mercado, visando satisfazer uma necessidade ou um desejo. Tal abrangência pode ser observada através do próprio InfoBranding, que mostra através de seus artigos e posts que o branding pode ser aplicado a pessoas, ideias, experiências, eventos e organizações e, é claro, produtos e serviços.
Nesse sentido, o branding, mesmo que sem sua denominação atual, acontece desde a antiguidade, período no qual sua função era apenas identificar a origem dos produtos e, ao longo da história, foi agregando funções até chegar à atualidade com a criação de vínculos emocionais entre marcas e consumidores.
Em linhas gerais o conceito de propósito de marca se sustenta nos valores centrais da empresa, pessoa, ideia; ou seja, daquilo que será dotado com a marca. Trata-se do objetivo existencial da marca, aquilo que define sua essência, que delimita e unifica suas ações e que, por consequência define a maneira como acontece a relação entre a marca e seu público.
Se focarmos na relação entre o Branding e Design Gráfico logo vêm à cabeça dos profissionais e do público em geral a criação de identidades visuais corporativas e embalagens. Mas será que os conceitos de branding podem auxiliar o designer gráfico em outros tipos de projeto? Sem dúvida!!
Isso porque tanto o branding quanto o design são ferramentas poderosas na venda de ideias. E quando digo venda, não me refiro apenas a relações com trocas monetárias, mas também a apresentação de conceitos, defesas de causas e assim por diante. Estratégia, conhecimento, criatividade e técnica são os frutos da união entre Branding e Design.
“Como as marcas estão por toda a parte, os designers gráficos têm que ir além da criação de uma identidade visual: eles promovem uma promessa de valor”. (MOZOTA, 2011, pg. 20)
De acordo com Robert Anders (200, apud Mozota, 2011) “o processo de design é um processo de identidade”, e identidade é aquilo que a marca busca construir com a estratégia de branding, além de ser algo almejado em qualquer projeto de design.
Imagine a área do design editorial. Livros, revistas, jornais e até mesmo projetos mais complexos. Cada material precisa apresentar uma identidade coerente com o conteúdo apresentado e o público final que o utilizará. O designer se relacionará com diversos agentes no processo de desenvolvimento, para os quais vai precisar justificar e defender cada escolha de elemento, de formas e linguagens; sempre de maneiras diferentes, afinal, cada um dos envolvidos é de uma área e entende as coisas de uma maneira: comercial, editorial, autor, jornalista, corretor, produtor gráfico e assim por diante, dependendo do projeto em questão.
Nesse sentido ter noções de estratégias de branding ajuda e muito o designer a definir sua participação no projeto, bem como a forma como os outros agentes percebem a importância de sua participação. Mediante essa relação entra em questão o conceito de marca pessoal (já discutida aqui no InfoBranding nos artigos de nossa colega Amanda Higa – https://www.infobranding.com.br/a-marca-pessoal-como-look-do-dia/ e https://www.infobranding.com.br/o-valor-da-marca-pessoal/), que o designer deve utilizar a seu favor.
Seja um material editorial comercial (como os diversos títulos produzidos por uma editora para diferentes autores e clientes) ou projetos editoriais institucionais, as escolhas do designer precisam se pautar e refletir o tipo de conteúdo característico de cada material, bem como na demanda de cada cliente. Não basta que o designer tenha um excelente senso estético ou ótimas ideias de diagramação, ele precisa adequar sua proposta ao propósito do projeto e articulá-las com todos os envolvidos, para que assim tudo fique justificado e o projeto final apresente uma identidade coerente e cumpra sua função de maneira estratégica, gerando lucro, valorização da imagem e satisfação do cliente.
Por isso é essencial que o designer, assim como o profissional de branding, esteja sempre atento ao que acontece no mercado, tanto no âmbito acadêmico quanto na prática do dia-a-dia. Só assim ele conseguirá se posicionar adequadamente e mostrar sua importância e o valor de suas ideias. Comunicar faz parte dessa profissão, por isso vale lembrar que a comunicação só é bem sucedida quando o receptor entende a mensagem que for passada.
E você designer, têm alguma observação sobre como o branding pode auxiliar a sua prática profissional? Compartilhe com a gente! Nós do InfoBranding estamos abertos ao diálogo!
Referências:
http://www.slideshare.net/GabrielMeneses/gesto-de-marcas-para-micro-e-pequenas-empresas
ANDERS, Robert, 2000, “Defining, Mapping and Designing the Design Process”, Design Management Journal, Summer, 29-37 apud MOZOTA, Brigitte Borja de. Gestão do Design: usando o design para construir valor de marca e inovação corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2011.