Você já foi a algum supermercado e teve sensação de déjà vu? Viu produtos que parecem outros e marcas que replicam elementos de outras?
Isso está se tornando cada vez mais frequente: novatas que imitam embalagens, logos e até estratégias de marketing de marcas consolidadas e bem-sucedidas. Pois inovar está cada vez mais difícil e algumas novas empresas não querem se arriscar ao se lançar num mercado competitivo, adotando estratégias que já deram certo com marcas pioneiras.
Entre os profissionais de Branding é muito comum discussões e brincadeiras sobre as semelhanças das marcas. Já falamos no IB sobre seus direitos envolvendo processos jurídicos com casos curiosos como Spoleto X Julietto, embalagem de Veja e sapatos Christian Louboutin. Então resolvi alimentar um pouco mais essa discussão com marcas de sucesso que convivem bem, apesar de serem parecidas.
Duas pessoas podem ter a mesma ideia estando em cantos diferentes do mundo?
Sim, até é possível reflexões e pensamentos que incidam em uma solução em comum. Mas o mais recorrente é alguma empresa se arriscar e as outras seguirem, temos exemplos famosos como o Walkman da Sony e o iPhone da Apple.
E apesar de vivermos a era das startups, estamos na era dos clones ou irmãos. Quantos aplicativos de fotos nós temos? E quantos têm o logo ou nome parecido com o Instagram? Vários.
Aplicativos de taxi, sites de clube de compras e de oferta de cupons são ideias inovadoras que se multiplicaram e agora parecem disputar o mesmo público, lutando para se diferenciar. Foco no público-alvo e entrega satisfatória do serviço/ produto são requisitos essenciais em tempo de guerra de mercado.
Muitas marcas fazem esse bom trabalho e ainda aparecem com inovação, mas são “cópias” (inspiradas) de modelos estrangeiros. Muitos, como eu, admiram a marca brasileira de sucos 100% naturais Do Bem, com propósito de marca bem definido e entrega de produto de qualidade. É impossível não se encantar com a comunicação próxima e descontraída nas suas mídias sociais ou com as embalagens divertidas e clean dos produtos. O que poucos sabem é que a Do Bem é meio-irmã de outras marcas como a inglesa Innocent Drinks e a australiana Nudie Juice. As semelhanças são evidentes, das embalagens, dos personagens em desenhos simples, da linguagem fácil e sincera e até da divulgação com o carro personalizado. E com o crescimento da empresa brasileira, muitas multinacionais detentoras de marcas similares estrangeiras já estão atentas.
Enquanto as marcas clone ou irmãs não convivem no mesmo mercado, ok. O problema pode acontecer quando elas disputam o mesmo consumidor. Quando a L’Oreal decidiu trazer a inglesa Body Shop http://www.thebodyshop.com/index.aspx para o Brasil, iria enfrentar a francesa Loccitane e brasileira Empório Body Store (uma mistura de trade dress da loja da Lush e do nome e produtos da Body Shop). O desfecho poderia até envolver disputa, mas o que aconteceu: a empresa brasileira foi comprada pela gigante do setor de cosmético no ano passado. A estratégia da Body Shop é aproveitar a rede de 130 lojas no 3º maior mercado do mundo para chegar com força perante Loccitane e grupo Boticário. Um belo caso em que meio-irmãs ficam na mesma família.