O design na prática dos negócios

O constante crescimento não só das grandes, mas também das médias, pequenas e microempresas resulta numa crescente competitividade e faz com que produtos e serviços tendam a se tornar semelhantes entre si. Em meio a players de mercado comoditizados, o design era considerado atributo de competitividade e fator de diferenciação para o consumidor. Hoje, porém, o design deve ser pensado não apenas como projetos isolados, mas como uma estratégia do branding dentro de um propósito maior.

Diego Rodriguez, sócio da empresa norte-americana de design IDEO e professor da Escola de Design da Universidade de Stanford, acrescenta que um bom design não implica necessariamente em bons resultados nos negócios, mas estes podem ser alcançados com mais frequência por meio de um processo de design bem estruturado, já que o processo em si é um fator mais holístico e abrangente do que simplesmente a noção de um bom design.

Muitas vezes o termo design pode ser entendido e limitado apenas a aspectos estéticos, e a profissão de designer relacionada mais ao aspecto operacional e menos ao estratégico, dificultando a incorporação de uma cultura ou pensamento de design nas organizações.

Diego alerta para que o design não seja tratado como um substantivo, mas como um verbo, um processo, pois infelizmente o design tem sido associado apenas ao estilo e a um julgamento semiótico e estético dependente de paradigmas que estão em constante movimento.

Neste contexto dinâmico e complexo, o design deve ser compreensível e aproximar designers e não designers na resolução de desafios, preocupando-se não só com a inovação de estilo, mas também com os processos que deverão atender às necessidades das pessoas.

O design como processo possui uma abordagem mais ampla. Em 1981, Barroso Neto (apud Niemeyer, 2007) já apresentava o design como “uma atividade contemporânea que nasceu da necessidade de estabelecer uma relação entre diferentes saberes e diferentes especializações. Design é o equacionamento simultâneo de fatores sociais, antropológicos, ecológicos, ergonômicos, tecnológicos e econômicos, na concepção de elementos e sistemas materiais necessários à vida, ao bem-estar e à cultura do homem”.

A impressão é que ao longo do tempo o design foi sendo limitado até que notou-se a necessidade de retomar ao que realmente ele significa e ainda inseri-lo em um contexto mais amplo e complexo de mercado. “Hoje uma ponte está sendo construída entre design e negócios”, como citado por Marco Santoro, fundador da EISE – Escola de Inovação em Serviços, em um encontro sobre Business Design em São Paulo[1].

O design focado mais ao nível estratégico e menos ao tático não exclui a necessidade do desenvolvimento de projetos táticos de design no mercado, mas amplia o entendimento das possibilidades do design até então existentes.

E entendido como um processo, o design passa a ser incorporado também ao ambiente de negócios em corporações independente do porte e do ramo de atuação, valorizando a multi e interdisciplinaridade na resolução de problemas complexos alinhado ao planejamento estratégico da empresa, tornando-se um forte aliado à gestão das marcas.


REFERÊNCIAS

NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: Origens e instalação. Rio de Janeiro: 2AB, 2007. p.23-28.

RODRIGUEZ, Diego. Why Design Matters. Bloomberg Businessweek – Innovation & Design. Fev. 2010. Disponível em: <http://www.businessweek.com/stories/2010-02-01/why-design-mattersbusinessweek-business-news-stock-market-and-financial-advice> Acesso em: 19 Jan. 2013.

[1] Evento da Symnetics sobre Business+Design com apoio da Business School São Paulo (BSP). 2013, São Paulo.

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *