Será o fim das paletas mexicanas?

A capacidade criativa do brasileiro é impressionante, em tempos de crise econômica, aumento do desemprego e tantas outras mazelas que afligem o nosso país, mas sempre aparece alguém que tem aquela “sacada” que faz muita gente pensar “como eu não pensei nisso antes?”.

Este “visionário” lança o negócio, sai nos jornais como inovador, em menos de 180 dias sua marca vira uma franquia, centenas de empreendedores investem nele, o negócio se espalha e, de repente, não o vê mais e em pouco tempo nem nos lembramos mais que provamos um iogurte frozen passeando no shopping ou compramos um bolo caseiro para o café da tarde.

Aí pergunto: e as paletas mexicanas?

Tenho que assumir que a ideia é fantástica: vamos pegar um picolé feito de frutas naturais, aumentamos o seu tamanho, falamos que são de outro país (apesar de existir no México com um posicionamento completamente diferente), que é saudável, criamos uma franquia e pronto! A fórmula do sucesso está feita.

Em uma entrevista recente para a Rádio CBN, Gean Chu, um dos criadores da marca Los Paleteros, disse que produzem 3 milhões de paletas por mês e que fecharam 2014 com 75 franqueados pelo Brasil, faturaram R$ 70 milhões e para 2015 querem dobrar este número. Tarefa fácil, uma vez que já existem 8 mil candidatos a franqueados da marca na fila. Detalhe. A franquia surgiu em dezembro de 2012.

10888747_615693355201935_6332694829582577538_nMas no rastro deles surgiram diversas outras marcas com a mesma proposta e hoje encontramos as paletas mexicanas em todos os lugares – farmácias, açougues, óticas, lojas de R$ 1,99, mercadinhos, lojas de roupas, quiosques, carrinhos e por aí vai.

Penso que, por ser a criadora deste nicho de mercado de sorvetes “premium”, a Los Paleteros tem uma grande vantagem em relação às outras marcas por ser a pioneira relacionada à paletas. Entretanto, como aconteceu com tantos outros produtos da moda, há um efeito manada que satura o mercado, confunde o consumidor e, da mesma maneira que houve um crescimento muito rápido, o desaparecimento é na mesma velocidade. Quem investiu nesta ou naquela marca de paletas mexicanas no começo da onda já observa uma queda no faturamento nos últimos meses e acredito que em 2015 muitas marcas “paleteiras” irão desaparecer.

Em minha opinião, só vão sobreviver àquelas marcas que conseguiram construir um relacionamento com o consumidor – que é o caso da Los Paleteros – possuem uma sólida gestão de branding e um plano de negócio bem definido para este momento do mercado.

Por fim, pela saturação causada pelo modismo, vincular a paleta ao México já não soa tão bem para o negócio e as marcas que sobreviverem terão que buscar novas ideias para continuar no mercado. Será que a próxima “sacada” será o Geladinho do Paraguai?

Uma resposta

  1. É isso mesmo!
    Eu moro no bairro da Mooca, em SP, e a cada semana uma nova paleteria abre no bairro. Outro dia, contando com minha esposa, chegamos ao número de 12, só nas proximidades de nossa casa.

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